Olá! Quanto tempo não é mesmo?! Tenho muita vontade de escrever aqui, muitos assuntos para compartilhar, porém o tempo tem sido bem curto aqui. Afinal…nasceu nossa pequena Isabel Mayumi!
Sim, Isabel nasceu no dia 2 de setembro depois de 9 horas e meia de trabalho de parto! Sim, parto normal!!! Nasceu com 4.120kg e 48cm, e antes que falem que ela nasceu grande por causa do diabetes, já explico que não tem nada haver, é genético ser “grandinho” na família.
A gestação da Isabel foi tranquila, no início tive hiperemese, depois infecções urinárias e no final da gestação, líquido amniótico aumentado, o que segundo a endocrinologista e o obstetra, nada tem haver com o diabetes. ( e inicialmente acreditaram que tinha ligação, comprovando com os bons controles e a glicada que não).
Enfim, como na gestação do Lucas, nosso primeiro filho, tudo ocorreu de forma tranquila e super especial. A diferença foi que o Lucas nasceu com 38 semanas e 3 dias de cesárea, pois não havia encaixado, e o médico achou mais prudente não esperar mais, por conta do diabetes. Nesta segunda gestação, me informei, questionei, e descobri que sim, Diabéticas tipo 1 podem ter parto normal e podem sim esperar até o prazo de 40 semanas ( não mais que isso), caso as glicemias estejam bem controladas, e nenhuma intercorrência tenha acontecido.
Posso dizer com todas as letras: Estou muito feliz, muito orgulhosa e muito completa por ter tido a Isabel no tempo dela, com 39 semanas, de parto normal. Aliás, no dia que Isabel nasceu, tiveram 19 cesárias na maternidade e somente ela de parto normal, mesmo pesando 4.120kg. Nem preciso dizer que viramos “atração” da maternidade né?! E todos que passam por nós diziam: “Mas você tão pequena ( supostamente magra) teve um bebê tão grande?”. Pois é… sim, EU TIVE! VENCI, CONSEGUI! Aliás, CONSEGUIMOS, porque o maridão estava lá, o tempo todo apoiando e acarinhando!
Comecei a sentir cólicas lá pelas 9 horas da manhã, daquela segunda-feira ensolarada. Comecei a prestar atenção na dorzinha que vinha e ia embora… pensando se essas seriam as tais contrações de parto. Fiz minhas coisas, brinquei um pouco com Lucas, passei aspirador ( kkk) e as dorzinhas começaram a aumentar. Lá pelas 11 horas da manhã, decidi avisar o Luis, afinal, não poderia ser alarme falso. A emoção começou a ficar a flor da pele, e eu só conseguia pensar: PREPARA, CHEGOU A HORA!
Como estava um pouco enjoada, só havia tomado café da manhã, e não apliquei a insulina, visto que só aplico às 12 horas. Sabia que não ia conseguir comer nada por causa do enjoo, então, decidi que não aplicaria a insulina.
Luis chegou pálido, correndo e cheio de emoção. Carregou o carro, e fomos em direção a maternidade…ah… a maternidade parecia não chegar nunca, e as contrações aumentando. Chegamos à emergência, fui examinada, 5 cm de dilatação. Hora de “internar”… médica avisada, e ela pediu para o Luis comprar um Gatorade para eu ir bebendo durante o trabalho de parto, para evitar a hipoglicemia, tão assustadora. ( sim, podia comer e beber no trabalho de parto, caso eu desejasse)
Fomos para a parte de internação da maternidade e lá me conduziram para uma sala onde trocaria de roupas e seria examinada. Luis precisou ficar do lado de fora, pois como haviam muitas cesárias agendadas, não poderia estar ali naquele momento , pois haviam muitas mulheres aguardando a hora da cirurgia ( afff, não vou nem comentar).
A obstetra chegou logo depois, e carinhosamente conversou comigo , me tranquilizou e disse para eu ir para o quarto, tomar um banho, ficar com o Luis, fazer exercícios na bola, andar… e quando sentisse que não aguentava mais, voltava para o centro obstétrico… não deu tempo, quando fui me virar, a bolsa estourou ( ui que emoção). Fui direto para o centro obstétrico, onde Isabel nasceria.
Nessa hora, Luis entrou e veio me abraçar… eu já estava com contrações muito fortes, muito fortes e achei melhor pedir a analgesia. Analgesia dada, dores aliviadas…isso eram 15 horas. A cada nova contração que vinha, eu só pedia mentalmente… vem filha amada, no teu tempo, venha com saúde…e apertava a mão que carinhosamente me afagava…
Glicemias eram medidas de tempos em tempos, e tudo corria perfeitamente bem, com o Gatorade ali do lado, um gole aqui, outro acolá… não tinha vontade de comer, nem de andar, nem de nada… sentia dores muito fortes…
E começamos a “treinar” a força para ajudar Isabel a vir ao mundo. Enfermeiras e obstetra dizendo que estava indo tudo muito bem, me tranquilizando com o diabetes a cada medida de glicose, e eu tentando encontrar a posição mais confortável para receber nossa pequena.
Força, muita força… muuuita força. Alguns segundos sem respirar quando fazia a força e na última e mais prolongada força que fiz, às 19 horas do dia 2 de Setembro de 2013… nasceu Isabel Mayumi, linda, cheia de saúde, chorando com seus pulmões a toda força… emocionando a equipe médica e a nós, pai e mãe! Isabel veio direto para meu colo, ainda com o cordão umbilical, toda rosinha, toda linda, aconchegada no seio da mãe! Emoção sem tamanho, chorei, vi meu marido chorando, a médica chorando, e tive a certeza de que tinha feito a escolha certa! Porque sim CONSEGUI!
E assim foi… Isabel foi pro banhinho dela, eu me recuperar da analgesia, glicemia estava em 198 neste momento, a adrenalina do momento fez a glicemia subir, sem danos maiores. Fomos para o quarto, e logo depois já pude comer , tomar meu banho, dormir…
E vou dizer: foi a experiência mais linda da minha vida! Obviamente quando Lucas nasceu, foi uma emoção única, a diferença não está neles, mas em mim. Pude ser ativa e participante do nascimento da nossa filha, pude acreditar que o corpo é sábio, que foi feito para isto, e que mesmo tendo Diabetes Tipo 1, é possível com cuidado e informação, ter este momento lindo.
Claro, não poderia ter este parto em casa, porque se necessitasse, faria a cesárea, não colocaria a minha vida, nem a vida da pequena em risco. Não estava irredutível na questão cesárea, e nem sou radical com isso, só estou colocando aqui a opinião de quem passou por estas duas experiências, tendo uma doença crônica.
E aqui estou eu, 100% bem. Não ficaram “sequelas”, muito pelo contrário, logo após o parto , já estava bem, podendo cuidar do Lucas e da Bel.
Acredito sim, na sabedoria que nosso corpo, quando o conhecemos, tem. Na possibilidade de ultrapassar limites impostos quando não conhecemos de nós mesmos, na incrível possibilidade, mesmo que a maioria das pessoas duvide, de termos um parto normal.
Se tivesse acontecido algo ruim, ou eu tivesse algum problema nas gestações e nos partos, com certeza escreveria aqui, não é “um florear a história”, como muitos pensam, esta é a minha realidade, a minha experiência… só isso. Se ajudar alguém a ter confiança, a renovar os sonhos, a dar esperança, ficarei muito feliz, porque este é o intuito.
Diabéticas tipo 1 podem sim gerar vidas, podem sim dar a luz de parto normal, podem sim viver de forma “normal” e fazer TUDO aquilo que sonham. Basta ter cuidado, determinação, amor próprio, e uma vida equilibrada. Cuidados super especiais e regrados na gestação, no antes e no depois, aceitação de sua limitação alimentar e pancreática, e o resto, com amor e cuidado, é alcançável!
Sonhei um dia em ter um casal de filhos ( apesar de já pensar em mais, rs) e eu TENHO, sonhei um dia em entrar em trabalho de parto e passar por todas as fases dele, e eu CONSEGUI, sonhei em ver minha filha nascendo de forma humanizada, e ELA NASCEU! Porque sonho junto com alguém que faz esse sonho ser realidade, porque sonho e acredito que posso, porque sonho e deixo as pessoas negativas falarem o que quiserem, porque opto por acreditar no meu corpo, nas minhas chances, nas minhas possibilidades e tentativas. E porque não desisto, antes de tentar!
E que venham muitas diabéticas relatarem suas conquistas, e que venham bebês saudáveis de mães determinadas. Porque é possível sim! J
Beijos enormes,
Elisa